domingo, 23 de agosto de 2009

Santo Domingo de la Calzada - Belorado 22+2km

Fizemos o jantar no albergue ontem. Eu fiz purê de batatas com molho de tomate, Marco fez peito de frango e salada e Pierre ajudou a descascar e amassar as batatas. Jo, Eva e Helena estavam batendo perna na rua e quando chegaram á mesa estava posta. Elas ficaram com a louça e as panelas para lavar. De sobremesa teve melão.

Depois da missa teve uma apresentação de música medieval na catedral. Eu vi só um pedaço porque tinha esquecido de recolher a roupa e fui logo para o albergue.

Hoje o percurso não foi muito pesado, mas um bom trecho era ao lado da carretera (rotovia). O cenário ao redor, repleto de campos de trigo ceifados que se perdem no horizonte, não é tão atrativo depois de algumas horas caminhando sob o sol forte.

Caminhei bastante sozinho hoje. Acabamos andando 2km a mais porque interpretamos mal uma seta na saída de Santo Domingo. Depois deixei Jo e Pierre para trás e segui no meu ritmo. Estou um pouco cançado de de servir de tradutor nas conversas entre Jo e Pierre. "Diga isso para ele", "Say this for she". Acho que se entenderam bem no "mimiquês".

Caminhei um pouquinho ao lado de Eva e quando contei que tinha deixado o isolante térmico em Nájera ele me disse que "quanto menos coisas possuímos, mais riquesas carregamos no coração". Muito profundo.

Antes das oito da manhã, em um dos pueblos que crizei hoje, passei por uma turminha de jovens alcolizados (provavelmente voltando da balada). Eles me comprimentaram em tom de deboche. Depois pensei: "Puxa, eles estão em cima do Caminho e não conseguem enxergá-lo". Acho que na vida tambvém nos comportamos assim às vezes. Não vemos o caminho mesmo que esteja em baixo do nosso nariz.

Não gostei de Belorado. É uma vila feia, velha, e com ar decadente. Os espanhóis reclamaram que nem celular pega aqui. Foi difícil decidir qual dos 5 albergues era o pior. Ficamos com um que tem picina, não por isso, mas porque parecia o mais limpinho. A picina é boa, mas não creio que vá mergulhar hoje.

O hospitaleiro daqui é carioca e disse que morou um tempão em Mafra. Passou algumas vezes por Piên. O mundo é mesmo pequeno.

Apesar de nem tudo serem flores, estou adorando o caminho. Só quero ver se depois que voltar vou conseguir manter o coração aberto e os pés dispostos.

(Mãe! Aqui não tem orelhão com cartão, não vou poder ligar hoje. Vou tentar ligar amanhã. Mas não se preocupe, estamos muito bem. Beijo!)

6 comentários:

Carol disse...

Então ta, mas e o galo? cantou ou não cantou?

Luciana disse...

Realmente, e o galo/galinha, cantaram ou não??? Quando visitei a Igreja, quase houve canja de galinha no albergue, pois os danadinhos se recusaram a abrir o bico....rssss. Bom caminho!!! Luciana

Karla Losse Mendes disse...

Estou com saudades de você! Que bom que está gostando... beijos

lucas gandin disse...

Bonito o cartão que vcs fizeram para os hospitaleiros... creio que são essas atitudes que dão uma energia boa para todos os peregrinos e hospitaleiros.

Adriano disse...

dai cara, ta legal o blog, da pra tentar imaginar as emoções que estão vivendo, estamos rezando por vcs, abraço e fiquem com Deus... ALEGRUIA, Sempre mais altOOOOOO...

sandroalki@gmail.com disse...

Agradecemos o carinho e as oraçoes. Voces estao sempre nas nossas tambem.

O galo nao cantou :(, mas nao tem problema porque nao sou supersticioso :)

Alem de tudo que tenho contado, o contato com as pessoas no caminho, de tantos paises e realidades, e algo incrivel. As conversas que surgem nas rodas nos albergues sao impressionantes e profundas.

A interaçao cultural tambem e algo notavel.