terça-feira, 19 de maio de 2009

Caminho de Santiago, que diacho é isso? (Faltando 84 dias)

Diz a história que, após a ressureição de Cristo, os apóstolos seguindo a orientação que o Senhor lhes transmitiu na terceira aparição, saíram da Judéia para espalhar suas palavras em terras desconhecidas.

Tiago, filho de Zebedeo e Salomé e irmão de João “O Evangelista”, frustrado com as constantes perseguições que Cristo sofreu e que continuava atingindo todos os demais cristãos, decidiu pregar em Finisterrae um lugar muito remoto onde não haviam perseguições aos cristãos. Esta região, a mais a oeste da Europa, era então considerada o fim do mundo.

Após uma longa jornada, em um pequeno veleiro que praticava o comércio em todo o Mediterrâneo, chegou a Iria Flávia, cidade na qual conseguiu vencer várias dificuldades iniciais e à partir da qual iniciou seu trabalho de evangelização entre os povos da região. Após seis anos de pregação, decidiu que era hora de voltar à Palestina a fim de contar o que tinha conseguido e trazer mais evangelizadores à Hispania.

O retorno foi muito difícil e dois anos depois finalmente aportou em Jafa e seguiu para Jerusalém. Nesta época os judeus eram regidos por Herodes Agrippa, que levou as perseguições aos judeus às últimas conseqüências. Após um curto período de pregação, Tiago foi preso e sentenciado à morte por decapitação e abandono dos restos mortais às feras do deserto.

Cumprida a sentença, os seus irmãos de fé conseguiram recolher o seu corpo, que foi embalsamado e transportado de volta à Hispania por Teodoro e Atanásio, dois discípulos convertidos em Iria Flavia. Uma vez de volta a Finisterrae, Tiago foi sepultado em um bosque de difícil acesso que recebeu o nome de Libredunum. À partir de então gerações de eremitas se revezavam na tarefa de velar o túmulo do Apóstolo.

Passaram-se quase setecentos anos, quando em 822, dois camponeses acreditaram ter visto muitas luzes vindas de um bosque êrmo. Alertado, o Bispo Teodomiro empreendeu uma viagem ao local e lá encontrou o eremita Pelayo que lhe relatou que velava o túmulo de Santiago, todo envolto por luzes. A notícia foi rapidamente levada ao rei Afonso II que mandou construir uma capela e um monastério, tornando-se o primeiro peregrino a visitar o local. Assim nasceu um dos mais importantes centros de peregrinação: o Caminho de Santiago de Campo Estela.

À partir de 845, começaram a chegar os primeiros peregrinos e já em 862 o local não suportava mais o fluxo de fiéis, o que fez com que os restos mortais fossem transladados para Santiago de Compostela. Em 1075 deu-se o início da construção da atual catedral. No século XI, o caminho partia de quatro cidades da França: Tours, Vézelay, Lê Puy até Ostabad e de Arlés até Somport. Devido à importância que o Caminho adquiriu, em 1135, o Papa Calixto II, incumbiu o frade Aimeric Picaud de escrever uma obra a respeito, tendo sido produzido o Líber Sancti Jacobi, em cinco volumes. Um dos volumes descreve pormenorizadamente o caminho, sendo considerado o seu primeiro guia.

Com o fim da Idade Média, o Caminho de Santiago perdeu a sua importância e foi gradativamente esquecido. Somente no século XX, ele foi novamente resgatado e começaram as peregrinações modernas. O Caminho de Santiago foi declarado Conjunto Historio Artístico em 1962, é considerado Patrimônio Cultural Europeu pela Unidade Européia e Santiago de Compostela foi reconhecida pela UNESCO como Patrimônio da Humanidade em 1962.

(Texto retirado do site da Associação dos Amigos do Caminho de Santiago – AACS)

Existem vários trajetos para se percorrer a pé até Santiago. Eu escolhi o Caminho Francês (linha verde no mapa), iniciando em Saint Jean Pied do Port na França (ponto 4 no mapa).

3 comentários:

"Drª" Nathy disse...

Aê Sandro tb é cultura...mas um conhecimento agregado ao meu rol cultural...

Anônimo disse...

Show Sandro! Um abraço. Luciana (lista AACS)

Anônimo disse...

força nessa reta final