quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Portomarín - Palas de Rei (25 km)

A convivência com os outros peregrinos também é um ponto interessante do Caminho e nesses últimos 100 km há muitas pessoas caminhando. Pessoas de todos os tipos.

Ontem nao dormi quase nada no albergue municipal de Portomarín. Os roncadores do quarto até eram aturáveis, mas os retardados que ficavam conversando, rindo e imitando os roncadores às 3 da manha, nao. Parece que daqui para a frente nao vai mais existir aquele clima de respeito e silêncio nos dormitórios.

A Jo, que estava em baixo do beliche dos baderneiros, cançou de bater com o cajado no estrado e foi tentar dormir na cozinha.

Na hora de sair foi aquele tumulto. A imensa maioria das pessoas começou o caminho ontem mesmo em Sarria. Peregrinos como nós, que iniciaram na França, sao raros de se encontrar em meio a turba.

Já que nao era possível dormir, saímos cedo, mesmo nao gostando de caminhar no escuro. Logo que amanheceu paramos para tomar um café. Asism que saí do bar (saí antes da Jo) vi um onibus "despejando" dezenas de "turisgrinos" no caminho. Na hora fiquei com um pouco de raiva, como se aquelas pessoas estivessem roubando o caminho de mim. Mas aí lembrei que o caminho também é um exercício de tolerância e que deve ser compartilhado com todos. Tentei enxergá-los como pessoas boas, que bem ou mal estavam fazendo sua peregrinaçao dentro de suas limitaçoes (sejam elas físicas, de tempo ou mesmo de mentalidade). Nao devo pensar que só porque estou no caminho a mais tempo, que carrego minha mochila (eles geralmente andam sem), que sou melhor que eles.

Cheguei em Palas de Rei ao meio dia. Nem senti a caminhada hoje, poderia ter ido mais longe. Havia uma pequena fila na porta do albergue. A Jo chegou uns 15 minutos depois. Ela nao estava tao bem. Ganhou uma nova bolha e arranhou a perna na hora de usar o matinho, coitada.

Esse albergue parece tranquilo. Nosso quarto tem só 10 camas. O detalhe é que os banheiros sao mistos e nao tem porta nos chuveiros. Tivemos que organizar "turnos" para que homens e mulheres pudessem tomar banho separados. A água quente acabou na minha vez. Tomei metade do banho frio. O consolo é que depois o banho passou de frio a gelado.

Agora vou fazer aquela "Ciesta" para compensar a noite mal dormida.

4 comentários:

Luciana disse...

Sandro,

Infelizmente, a partir do Cebreiro, o Caminho é assolado por essa multidão de turisgrinos. Não há como se livrar deles. O pior é deixar que eles estraguem sua caminhada, ficando estressado. Tente focar na sua experiência e viver seus últimos passos com alegria, afinal é isso o que conta no final!!! Ultreya!

Waldinei disse...

Olá, Sandro
Fala aí, tudo certo? Por aqui tudo tranquilo. Esses dias a Ana me convidou para cantar umas músicas lá com os "teus" adolescentes, hehe, tava legal. A paróquia participou do desfile cívico da Independência com vários grupos (faltou o pelotão da pastoral da comunicação, rs). Bom caminho pra você aí nesta "reta final".

Zé William disse...

Pronto, agora começa o exercio da tolerancia, não sou muito, mas uma prece ajuda a por os nervos em ordem. Nada melhor do que apelar para a ajuda do nosso Anjo da Guarda, você entá em um momento lindo a elevação espiritual flui em tua Aura. Saberas administrar.
Boa sorte.
Que a Paz de Nosso Senho Jesus Cristo fique contigo.

Syl disse...

Lembro total desse albergue!! No meu quarto só tinha água fria qdo cheguei, e cogitei SERIAMENTE não tomar banho, já q fazia frio. Mas aí, de repente e não mais q de repente, a hospitaleira abriu o quarto ao lado pra novos peregrinos e foi ali mesmo q tomei meu banho pq ainda havia água quente.
Falta pouco! :-)
buen camino!